sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

EUA pretende que a China não se defenda da guerra cambial

Não é a primeira vez que o economista oficial do “New York Time”, e seu paparicado Prêmio Nobel, Paul Krugman, baba na gravata a respeito da China, mas sua última manifestação, após a visita de Barack Obama a Pequim, foi particularmente raivosa. Seriam a China e sua moeda, o yuan - e não a lambança dos monopólios dos EUA, o colapso de Wall Street, e a enxurrada de dólares furados que se seguiu do Federal Reserve -, que estariam colocando “sob ameaça” a recuperação da mais grave depressão desde o século passado.As conclamações de Krugman contra o yuan levaram o colunista John Walsh a registrar que “alguém poderia quase pensar que foi a China que nos levou à atual crise econômica global, ao invés de ser quem está liderando o caminho de saída”. O que está acontecendo, graças à política da China de concentrar suas forças no mercado interno para compensar a fraqueza nas exportações, realização de um extenso plano de desenvolvimento da infra-estrutura e melhorias sociais de US$ 580 bilhões, crédito amplo através dos bancos estatais, e defesa do yuan, com paridade fixa.Reclama Krugman que a China manteve essa paridade, apesar de o dólar ter despencado em relação à maioria das moedas. Enquanto faz ameaças e exigências à China no artigo “o jogo perigoso dos chineses”, o guru do NYT oculta que exista uma guerra cambial desencadeada pelo Federal Reserve, inundando o mundo com dólares sem lastro, que foram entregues a juro zero aos grandes bancos dos EUA e fundos especulativos, praticamente falidos, mas que agora se lançam, por toda parte, para trocar papel pintado de verde por riqueza em cada país e, nesse processo, forçando a valorização artificial das moedas locais.Mas, para Krugman, quem precisa ser detida é a China, pois “quase todas as principais moedas do mundo ‘flutuam comparativamente entre si, ou seja, seu valor relativo sobe ou baixa segundo as forças de mercado” e só ela é uma “grande exceção”. (As “forças de mercado”: Goldman, Rockeffeler, Morgan, Soros...). O débil yuan daria aos seus exportadores “uma crescente vantagem competitiva”, especialmente sobre os de outros países em desenvolvimento”, acrescentou, “drenando uma demanda muito necessária” do resto do mundo para “os bolsos dos exportadores chineses”.Ou seja, são os chineses os responsáveis pela drenagem de riquezas dos países em desenvolvimento, porque sua moeda “não flutua”, isto é, não está submetida à manipulação especulativa. É comovente tanta preocupação com as nossas riquezas por parte de Krugman. Ele vai além: são os chineses os responsáveis “pelo sofrimento dos trabalhadores norte-americanos desempregados” e pelo “crescente déficit comercial dos Estados Unidos e superávit comercial da China”. “Se eu fosse o governo chinês estaria realmente preocupado com essa perspectiva”, encena.Krugman não acha que tenha de se preocupar com o sofrimento dos trabalhadores chineses. Mas o governo chinês tem que se preocupar com o sofrimento dos trabalhadores norte-americanos – e não com seus trabalhadores. Não é só um problema de lógica. Antes, é cinismo e empulhação, pois Krugman está preocupado é com as grandes corporações e bancos norte-americanos, e não com os trabalhadores norte-americanos. No meio de mais uma catilinária sobre o “yuan débil”, ele deixa passar o que realmente o preocupa: “o desejo de participação de muitos investidores nessa economia de rápido crescimento”.Não há uma palavra sobre porque, no comércio com a China, é sempre do lado chinês que está o superávit e sempre do lado americano que está o déficit. Pelo contrário, o problema dos chineses é que eles deveriam aceitar a política monetária especulativa americana sem se defender, capitulando como o Pétain na II Guerra - ou pior. Assim, entre outras coisas, os EUA reduziriam o déficit, podendo até conseguir superávit, sem mexer em nada na sua decadente economia, cada vez menos produtiva em relação às economias de outros países, sustentada por uma invasão de papéis (dólares e títulos). Em suma, o resto do mundo tem que engolir essa droga.No entanto, os chineses resolveram se defender... Por isso a política monetária chinesa é “um perigo” - porque ela é uma defesa contra a política monetária de pilhagem dos EUA; porque ela não deixa os monopólios dos EUA saquearem a China como eles querem (e, no momento, gostariam mais do que nunca). E talvez seja esse o principal problema deles, porque essa política chinesa não deixa os monopólios norte-americanos sozinhos para saquear o resto do mundo. Ao ocupar um espaço na economia internacional, a China, com essa política, impede que a pilhagem norte-americana sobre nós seja maior. (AP)
A ilusão da recuperação econômica A economia global tem um grande câncer: ele foi diagnosticado corretamente por alguns, mas a prescrição foi para curar uma tosse. O tumor econômico foi identificado. A questão é: aceitaremos isto e tentaremos tratá-lo ou pretenderemos que a prescrição para a tosse o curará?
ANDREW GAVIN MARSHALL *
À luz das sempre presentes e obstinadamente persistentes manifestações do desejo de “um fim” para a recessão, de uma “solução” para a crise e de uma “recuperação” da economia, devemos recordar que aqueles que nos falam disso são exatamente as mesmas pessoas e instituições que nos disseram, nos últimos anos, que não havia “nada com que se preocupar”, que “os fundamentos estão ótimos” e que “não havia perigo” de uma crise econômica.A crise econômica está muito longe de ser ultrapassada, as “soluções” têm sido semelhantes a colocar band-aid sobre um braço amputado. O Bank for International Settlements (BIS), o banco central dos bancos centrais do mundo, advertiu e continua a advertir contra tais esperanças descabidas. O BIS nasceu do Young Comittee, estabelecido em 1929 para lidar com o pagamento das reparações [de guerra] alemãs estabelecidas pelo Tratado de Versalhes, em 1919. O Comité era encabeçado por Owen D. Young, presidente e administrador executivo da General Electric, co-autor do Plano Dawes, de 1924, membro do Board of Trustees da Fundação Rockefeller e vice-presidente do Federal Reserve de Nova Iorque. Como principal delegado americano à conferência sobre as reparações alemãs, ele foi acompanhado por J.P. Morgan, Jr. [cf. HEROES: Man-of-the-Year. Time Magazine: Jan 6, 1930].Daí saiu o Plano Young, de pagamento das reparações alemãs, que entrou em vigor em 1930, depois do crash do mercado de ações. Parte do Plano implicava a criação de uma organização internacional de liquidação, à qual foi constituída em 1930, e passou a ser conhecida como Bank for International Settlements (BIS). O banco foi supostamente concebido para facilitar e coordenar os pagamentos das reparações da Alemanha de Weimar às potências aliadas. Entretanto, a sua função secundária, que é muito mais secreta e muito mais importante, era atuar como “um coordenador das operações dos bancos centrais de todo o mundo”. Descrito como “um banco para bancos centrais”, o BIS “é uma instituição privada com acionistas, mas faz operações para agências públicas. Tais operações são mantidas estritamente confidenciais, de modo que o público habitualmente não sabe da maior parte das operações do BIS” [cf. James Calvin Baker, The Bank for International Settlements: Evolution and Evaluation, Greenwood Publishing Group, 2002: page 2].O BIS foi fundado pelos “bancos centrais da Bélgica, França, Alemanha, Itália, Holanda, Japão e Reino Unido, juntamente com três importantes bancos comerciais dos Estados Unidos - J.P. Morgan & Company, First National Bank of New York e First National Bank of Chicago. Cada banco central subscreveu 16 mil ações e os três bancos dos EUA também subscreveram este mesmo número de ações”. Mas, “apenas bancos centrais têm poder de voto” [cf. Baker, op. cit., page 6].Os representantes dos bancos centrais têm reuniões bimensais no BIS, onde discutem uma série de questões. Observe-se que a maior parte “das transações executadas pelo BIS em nome dos bancos centrais exige segredo absoluto”, razão pela qual a maior parte das pessoas nem mesmo ouviu falar dele. O BIS pode proporcionar aos bancos centrais “confidencialidade e segredo, o que é mais valioso do que um banco classificado com um triplo A” [cf. Baker, op. cit., page 148].Em setembro de 2009, o BIS informou que “o mercado global de derivativos deu um salto para US$ 426 trilhões no segundo trimestre, quando retornou o apetite pelo risco, mas o sistema permanece instável e tendente a crises”. O relatório trimestral do BIS disse que os derivativos subiram 16% “devido principalmente a uma alta em futuros e contratos de opção sobre taxas de juros de três meses”. O economista-chefe do BIS advertiu que o mercado de derivativos apresentava “grandes riscos sistêmicos” no setor das finanças internacionais e que “o perigo é que os reguladores fracassem outra vez em ver que grandes instituições assumiram muito mais exposição do que podem lidar em condições de choque”. O economista acrescentou que “a utilização de derivativos pelos hedge funds e assemelhados pode criar grandes exposições ocultas” [cf. Ambrose Evans-Pritchard, Derivatives still pose huge risk, says BIS. The Telegraph: September 13, 2009].No dia seguinte, após a publicação do relatório do BIS, o antigo economista-chefe do BIS, William White, advertiu que “o mundo não cuidou dos problemas no cerne da baixa econômica e é provável que deslize outra vez para a recessão”. Ele foi citado sobre a entrada numa recessão de duplo mergulho: “Estaremos indo para uma recessão [em forma] de W? Quase certamente. Estamos indo para uma [recessão em forma de] L? Eu não ficaria nem levemente surpreendido”. E acrescentou: “a única coisa que realmente me surpreenderia seria uma recuperação rápida e sustentável a partir da posição em que estamos”.Em 20 de Setembro de 2009, o Financial Times informou que o BIS, “cabeça do corpo que supervisiona a regulação bancária global”, durante a reunião de cúpula do G-20, “emitiu uma severa advertência de que o mundo não pode escorregar para uma suposição ‘complacente’ de que o setor financeiro recuperou-se bem” e que “Jaime Caruana, administrador-geral do Bank for International Settlements e ex-presidente do banco central da Espanha, afirmou que a recuperação do mercado não deveria ser mal interpretada” [cf. Patrick Jenkins, BIS head worried by complacency. The Financial Times: September 20, 2009].A isto se seguiram as advertências do BIS em relação às falsas esperanças com os pacotes de estímulo organizados por vários governos. No fim de junho, o BIS declarou que “pacotes de estímulo fiscal não podem proporcionar mais que um impulso temporário ao crescimento, sendo seguidos de um extenso período de estagnação econômica”.E acrescentava que “há um perigo de que autoridades fiscais exauram sua capacidade de endividamento antes de finalizar a tarefa custosa de reparar o sistema financeiro” e “exprimiu dúvidas sobre o pacote de resgate bancário adotado nos EUA” [cf. David Uren, Bank for International Settlements warning over stimulus benefits, The Australian: June 30, 2009].Com o último relatório sobre a bolha de derivativos, tornou-se penosamente claro que foi exatamente o que aconteceu: a criação de outra bolha de preços de ativos. O problema com as bolhas é que elas estouram.O Financial Times informou que William White, ex-economista-chefe do BIS, “argumentou que após dois anos de apoio governamental ao sistema financeiro, agora temos um conjunto de bancos que são ainda maiores e mais perigosos do que antes”, o que também “foi argumentado por Simon Johnson, ex-economista chefe do Fundo Monetário Internacional”, o qual “afirma que o sistema financeiro capturou efetivamente o governo dos EUA” e declarou enfaticamente: “a recuperação fracassará a menos que quebremos a oligarquia financeira que está bloqueando a reforma essencial” [cf. Simone Meier, BIS Sees Risk Central Banks Will Raise Interest Rates Too Late, Bloomberg: June 29, 2009].Em meados de setembro, o BIS afirmou que “os bancos centrais devem coordenar a supervisão global das câmaras de compensação de derivativos e considerar oferecer-lhes acesso a fundos de emergência para limitar o risco sistêmico”. Por outras palavras, “os reguladores pressionam para que grande parte dos US$ 592 trilhões do mercado livre de derivativos seja movido para câmaras de compensação as quais atuam como comprador para todo vendedor e como vendedor para todo comprador, reduzindo o risco de incumprimentos para o sistema financeiro”. O relatório divulgado pelo BIS perguntava se câmaras de compensação “deveriam ter acesso a facilidades de crédito de bancos centrais e, em caso afirmativo, quando?” [cf. Abigail Moses, Central Banks Must Agree Global Clearing Supervision, BIS Says. Bloomberg: September 14, 2009].O mercado de derivativos representa uma ameaça maciça para a estabilidade da economia global. No entanto, é uma entre muitas ameaças, todas elas relacionadas e entrelaçadas, atuando uma sobre a outra. O grande elefante na sala é a principal bolha financeira criada pelos pacotes de salvamentos e “estímulos” pelo mundo todo. Este dinheiro foi utilizado pelos bancos principais para comprar bancos menores e absorver a economia real, a indústria produtiva. O dinheiro também foi para a especulação, alimentando a bolha de derivativos e levando a uma ascensão dos mercados de ações, uma ocorrência completamente ilusória e fabricada. Os salvamentos, com efeito, alimentaram a bolha de derivativos, elevando-a a novos níveis perigosos, bem como incharam o mercado de ações até uma posição insustentável.A crise econômica foi criada devido às baixas taxas de juro e ao dinheiro fácil: empréstimos de alto risco, dinheiro investido em qualquer coisa e em tudo, o mercado habitacional inchado, o mercado imobiliário comercial inchado, o comércio de derivativos decolou para centenas de trilhões ao ano, a especulação corria desenfreada e dominava o sistema financeiro global. Os hedge funds foram os facilitadores receptivos do comércio de derivativos e os grandes bancos foram os principais participantes e possuidores dos mesmos.Ao mesmo tempo, os governos gastaram dinheiro perdidamente, especificamente os Estados Unidos, pagando guerras e orçamentos de defesa de múltiplos trilhões de dólares, imprimindo dinheiro a partir do nada, cortesia do sistema global de bancos centrais. Todo o dinheiro que foi produzido, por sua vez, produziu dívida. Em 2007, a dívida total – interna, comercial e do consumidor – dos Estados Unidos elevava-se a uns chocantes US$ 51 trilhões. [cf. US home prices the most vital indicator for turnaround. FIABIC Asia Pacific: January 19, 2009; Alexander Green, The National Debt: The Biggest Threat to Your Financial Future. Investment U: August 25, 2008; John Bellamy Foster and Fred Magdoff, Financial Implosion and Stagnation. Global Research: May 20, 2009].Como se este fardo da dívida não fosse bastante, os últimos dois anos viram o mais expansivo e rápido crescimento da dívida jamais visto na história mundial – na forma de pacote de estímulos e de salvamentos por todo o mundo. Em julho de 2009, informou-se que “os contribuintes dos EUA podem estar pendurados por algo em torno de US$ 23,7 trilhões para promover a economia e salvar companhias financeiras”, disse Neil Barofsky, inspetor-geral especial do Troubled Asset Relief Program, TARP, do Tesouro” [cf. Dawn Kopecki and Catherine Dodge, U.S. Rescue May Reach $23.7 Trillion, Barofsky Says. Bloomberg: July 20, 2009]. Em maio de 2009, escrevi um artigo sobre a reunião de Bilderberg, uma reunião altamente secreta das principais elites da Europa e da América do Norte, que se encontram uma vez por ano a portas fechadas.Bilderberg atua como um think tank internacional informal e eles não divulgam qualquer informação. Assim, relatos das reuniões são vazamentos e as fontes não podem ser verificadas. Contudo, as informações proporcionadas pelos rastreadores de Bilderberg e jornalistas, como Daniel Estulin e Jim Tucker, demonstraram-se surpreendentemente precisas no passado.Em maio, a informação que escapou dizia respeito ao principal tópico da conversação e era, não surpreendentemente, a crise econômica. A grande questão era “ou uma depressão prolongada e agonizante que assombraria o mundo com décadas de estagnação, declínio e pobreza... ou uma depressão intensa, porém mais curta, que pavimentasse o caminho para uma nova ordem econômica mundial sustentável, com menos soberania porém mais eficiência”.É importante notar que um ponto importante da agenda foi “continuar a enganar milhões de poupadores e investidores que acreditam no alarde acerca da suposta viragem na economia. Eles estão prestes a serem submetidos a perdas maciças e doloroso sofrimento financeiro nos próximos meses”.Estulin informou sobre o vazamento de um relatório que afirmou ter recebido logo depois da reunião, que relata grandes desacordos entre os participantes, pois “os radicais duros são pelo declínio dramático e uma severa depressão de curto prazo, mas há aqueles que pensam que as coisas foram longe demais e que as consequências do cataclisma econômico global não podem ser calculadas com precisão”. No entanto, a visão de consenso era que a recessão ficaria pior e que a recuperação seria “relativamente lenta e prolongada” e tais expressões surgiram na imprensa nas semanas e meses seguintes. De fato, tais expressões apareceram ad infinitum na mídia.Estulin informou também “que alguns dos principais banqueiros europeus, confrontados com o espectro da sua própria mortalidade financeira, estão extremamente preocupados, chamando isso de perigoso equilibrismo ‘insustentável’ e dizendo que os déficites orçamentários e comerciais dos EUA poderiam resultar na morte do dólar”.Um participante de Bilderberg disse que “os próprios bancos não conhecem a resposta para o quando o fundo que será atingido”. Todos pareciam concordar em que “o nível de capital necessário para os bancos americanos pode ser consideravelmente mais alto do que o governo dos EUA sugeriu através dos seus recentes testes de stress”. Além disso, “alguém do FMI destacou que o seu próprio estudo sobre recessões históricas sugere que os EUA estão apenas a um terço do caminho daquela atual; portanto, economias à espera de se recuperar com o ressurgimento da procura nos EUA terão uma longa espera”. Um participante declarou que “as perdas em ações em 2008 foram piores do que aquelas de 1929” e que “a próxima fase do declínio econômico também será pior do que a da década de 1930, principalmente porque a economia dos EUA carrega cerca de US$ 20 trilhões de excesso de dívida. Até que aquela dívida seja eliminada, a ideia de um boom saudável é uma miragem” [cf. Andrew Gavin Marshall, The Bilderberg Plan for 2009: Remaking the Global Political Economy. Global Research: May 26, 2009 ].Poderia a percepção geral de uma economia em recuperação ser a manifestação do plano de Bilderberg em ação? Bem, para proporcionar alguma visão de uma tentativa de resposta a esta pergunta, devemos ver quem foram alguns dos participantes chave na conferência.Dirigentes de bancos centrais: Muitos estiveram presentes, como habitualmente. Dentre eles estavam o presidente do Banco Nacional da Grécia, o presidente do Banco da Itália, o presidente do Banco Europeu de Investimento; James Wolfensohn, ex-presidente do Banco Mundial; Nout Wellink, presidente do Banco Central da Holanda e diretor do Bank for International Settlements (BIS); Jean-Claude Trichet, presidente do Banco Central Europeu; o vice-presidente do Banco Nacional da Bélgica e um membro da direção executiva do Banco Central da Áustria.Ministros das finanças e mídia: Dentre os países com representantes da área financeira estavam Finlândia, França, Grã-Bretanha, Itália, Grécia, Portugal e Espanha. Também havia muitos representantes das grandes empresas de mídia de todo o mundo. Isto incluia o editor do Der Standard, da Áustria; o presidente da Washington Post Company; o editor-chefe de The Economist; o vice-editor de Die Zeit, da Alemanha; o presidente e editor-chefe do Le Nouvel Observateur, da França; o editor associado e comentarista econômico principal do Financial Times; assim como o correspondente de negócios e o editor de negócios de The Economist.Banqueiros: Também foi importante o comparecimento de banqueiros privados à reunião, pois são os principais bancos internacionais que possuem as ações dos bancos centrais do mundo, os quais, por sua vez, controlam as ações do Bank for International Settlement (BIS). Dentre os bancos e companhias financeiras na reunião de Bilderberg, estavam: Deutsche Bank AG, ING, Lazard Freres & Co., Morgan Stanley International, Goldman Sachs, Royal Bank of Scotland, e, é importante notar, David Rockefeller, ex-presidente do Chase Manhattan (agora J.P. Morgan-Chase), o qual pode razoavelmente ser mencionado como o atual “rei do capitalismo” [cf. Maja Banck-Polderman, Official List of Participants for the 2009 Bilderberg Meeting. Public Intelligence: July 26, 2009].Administração Obama: Os membros da administração Obama envolvidos na resolução da crise econômica também estiveram fortemente representados na reunião de Bilderberg. Dentre eles estava Timothy Geithner, secretário do Tesouro e ex-presidente do Federal Reserve de Nova Iorque; Lawrence Summers, diretor do National Economic Council da Casa Branca, ex-secretário do Tesouro na administração Clinton, ex-presidente da Universidade de Harvard e ex-economista chefe do Banco Mundial; Paul Volcker, ex-presidente do Federal Reserve System e presidente do Economic Recovery Advisory Board de Obama; Robert Zoellick, ex-presidente do Goldman Sachs e atual presidente do Banco Mundial. [cf. Andrew Gavin Marshall, The Bilderberg Plan for 2009: Remaking the Global Political Economy. Global Research: May 26, 2009].Havia informações não confirmadas sobre a presença do presidente do Fed, Ben Bernanke. Se a história e os antecedentes das reuniões de Bilderberg são algo que nos oriente, tanto o presidente do Federal Reserve como o presidente do Federal Reserve Bank of New York estão sempre presentes, de modo que, na verdade, seria surpreendente se não tivessem ido à reunião de 2009. Contatei o Fed de Nova York para perguntar se o presidente comparecera a qualquer organização ou reuniões de grupo na Grécia nas datas assinaladas do encontro de Bilderberg e a resposta dizia-me para pedir à organização por uma lista de comparecimentos. Se bem que não confirmando a sua presença, eles também não a negaram. Entretanto, isto ainda não foi confirmado.Naturalmente, todos estes atores chave exercem bastante influência para alterar a opinião pública e as percepções da crise econômica. Eles também têm muito a ganhar com ela. Contudo, qualquer que seja a imagem que construam, ela permanece apenas isso: uma imagem. A ilusão destruir-se-á muito em breve e o mundo perceberá que a crise que atravessamos até aqui é meramente o capítulo introdutório da crise econômica, quando ela for escrita nos livros de história.As advertências do Bank for International Settlements (BIS) e do seu ex-economista chefe, William White, não devem ser tomadas com ligeireza. As advertências de ambos no passado foram ignoradas e demonstraram-se exatas com o passar do tempo. Não permitir que a esperança de “recuperação econômica” apregoada pela mídia ponha de lado a “realidade econômica”. Embora possa ser deprimente reconhecer, é de longe muito melhor estar consciente do terreno sobre o qual se pisa, mesmo que esteja juncado de perigos, do que ser ignorante e correr imprudentemente através de um campo de minas. Ignorância não é felicidade, ignorância é catástrofe adiada.Um médico deve primeiro identificar e diagnosticar corretamente o problema antes de propor qualquer espécie de prescrição. Se o diagnóstico for incorreto, a prescrição não funcionará e poderá de fato tornar as coisas piores. A economia global tem um grande câncer: ele foi diagnosticado corretamente por alguns, mas a prescrição foi para curar uma tosse. O tumor econômico foi identificado. A questão é: aceitaremos isto e tentaremos tratá-lo ou pretenderemos que a prescrição para tosse o curará? O que dará maior probabilidade de sobrevivência?Como disse Gandhi: “Não há deus maior do que a verdade”.* Pesquisador do Centre for Research on Globalization (CRG).

Nenhum comentário: