domingo, 21 de março de 2010

Resposta a Leitor do Jornal "O Imparcial"

A unidade de entidades como APEOESP, COMJUVE, UMESA e outras importantes entidades é uma demonstração cada vez mais clara de que a educação em nosso estado está alarmante. E piorando!
O texto aprovado pela diretoria do COMJUVE e da UMESA simplesmente é um reflexo da política de 15 anos de destruição da nossa educação. São anos de "progressão continuada", criação de "emburrecimento" do estudante, onde por um lado o estudante finge que aprende e o estado fingi que oferece educação com qualidade. Anos de desvalorização de nossos professores, que hoje são verdadeiros heróis da resistência, por ter que em muitos casos fazer jornada tripla para ter uma vida digna. As salas de aula são super-lotadas, laboratórios não existem e ainda vemos na televisão o Sr. Governador dizendo que o estado tá andando melhor. É melhor ele dar um pulo em alguma escola pra saber se está mesmo! Quando afirmamos que o texto é um reflexo do ensino paulista é pelo simples fato de ensino não ser uma palavra muito clara na cabeça do nosso Governador e nem do Secretário Estadual da Educação. Isso porque nas cartilhas distribuidas pelo Governo, tal palavra veio grafada com "C" no lugar de "S". Sem falar no mapa da América do Sul que veio com dois Paraguais. Gostaria muito de ter visto a mesma revolta dos leitores deste importante jornal quando desses "pequenos" erros cometidos pelo Sr. Serra e o Sr. Paulo Renato. Ou será que os dois ainda estão no ensino médio, como a maioria dos diretores de nossa entidade? Deve ser! No fundamental o que nos preocupa é simplesmente o fato de São Paulo não saber fazer escola! Aproveitamos o momento para reforçar mais uma vez a ampla necessidade de transformações na educação paulista. É vergonhoso, o estado que gera 32% da riqueza do Brasil ter o pior desempenho em Matemática, ou simplesmente vergonhoso que a principal escola de nossa cidade só receber recursos para reformas, quando estava prestes a desabar na cabeça dos estudantes.

Esse sem dúvida é um momento de união! Reconstruir a educação é o nosso desafio! Parabéns aos Professores que demonstram muita garra nessa greve!

Viva o Professorado Paulista!

quarta-feira, 17 de março de 2010

“Professor é meu amigo, mecheu com ele mecheu comigo”


O estado que detém 32% do PIB brasileiro, hoje conta com os piores índices de educação. E estão piorando! Esse é o resultado das políticas educacionais (sic) implementadas pelo Governo de São Paulo. São 14 anos de desvalorização e arrocho salarial dos profissionais da educação, milhares de escolas fechadas, salas de aula superlotadas, estudantes sem merenda escolar, nossos laboratórios não funcionam, as salas de aula estão sucateadas, tem as carteiras inadequadas para nossos jovens e faltam portas e até pedaços da lousa. Como se não bastasse, ainda existe a aprovação automática, ou seja, verdadeiro crime contra nossos estudantes e suas famílias que terminam o ensino médio sem a menor perspectiva de ingressar na universidade! Nossos amigos professores hoje são massacrados por terem que trabalhar em até três turnos para poderem suprir suas necessidades básicas. Estamos juntos nessa luta, estudantes, professores, população para reconstruir a escola pública. E a primeira e mais importante medida é o reajuste salarial dos professores!

Todo apoio à luta dos professores e diretores!

Pelo fim do arrocho salarial!

Pela valorização dos profissionais da educação!


Aprovado pela Diretoria da UMESA no dia 16 de Março de 2010.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Walter Alfaiate e a eternidade do samba


Cantor e compositor de altíssimo nível, sambista comprometido com o resgate da cultura popular, o carioca Walter Alfaiate faleceu no último sábado (27), no Rio de Janeiro, aos 79 anos.

O artista começou no coral do Colégio Mendes Viana, em Botafogo, e aos 13 anos iniciou seus trabalhos de alfaiataria, “profissão que passou a fazer parte do nome e do samba”. Autodidata e garimpeiro da boa música, compôs para blocos carnavalescos da região, como o Foliões de Botafogo e o São Clemente, tendo participado das rodas de samba no Teatro Opinião nos anos 60 e formado vários grupos, como os Reais do Samba (1968) e Os Autênticos, entre os anos de 1966 e 1968, integrado também por Noca da Portela, Adélcio Carvalho, Eli Campos e Mauro Duarte. Apesar de ser um dos bambas do bairro que tornou-se referência de bons compositores, seu trabalho só veio a ganhar dimensão na década de 70 quando Paulinho da Viola gravou três de suas canções – “Coração Oprimido”, “A.M.O.R.Amor” e “Cuidado, Teu Orgulho Te Mata”. Desde a década de 1980 integrava a ala de compositores da Portela.

Reverenciado pela maioria dos sambistas do Rio, nunca teve espaço nas “grandes” gravadoras. Em seus 50 anos de carreira e com 200 sambas compostos, gravou apenas um disco em vinil, “Olha Aí”, lançado em 1998 pelo selo Alma e produzido por Aldir Blanc e Marco Aurélio. Entre a discografia em cd encontram-se Tributo a Mauro Duarte (Gravadora CPC-UMES, 2005) e Samba na medida (CPC-UMES, 2003). Este último trabalho levou Walter Alfaiate a vencer do Prêmio Rival BR de Música como melhor cantor.

No disco Sincopando o Breque (CPC-UMES, 1999), Nei Lopes entoa “Samba na medida”, cantando assim: “Mano Walter Alfaiate, parceiro e amigo fraterno/ escreve ai no teu caderno/ Eu quero fazer um terno caprichado no arremate/ Com um corte bem moderno, num pano verde-abacate/ Com botões cor de tomate, meio outono - meio inverno”. E mais, para enfrentar os combates “mais bacana e mais moderno/ Tu tens que fazer um terno, lá no Walter Alfaiate/ um terno de alto quilate, pra casório, pra boate/ e até para operação resgate”. Uma verdadeira operação resgate do samba. Dos bons.

terça-feira, 2 de março de 2010

Ilhas Malvinas e o desprezo inglês pela ONU

A disputa pelas Malvinas –ou Falkland para os ingleses – entra mais uma vez na ordem do dia. Antes de comentar a atitude imperial e de desprezo a resoluções da ONU pela Inglaterra, resgatemos um pedacinho da história.

As ilhas foram descobertas em 1520 pela Espanha. No século XVIII pescadores franceses de focas e leões-marinhos, que a usavam como base, batizaram-na de “Malouines”. Na seqüência, os franceses ocuparam-na e fundaram Port-Louis na ilha Soledad. Sob os protestos da Espanha, a França reconheceu os direitos espanhóis. Em 1746 foram os ingleses que invadiram as ilhas, fundando Port Egmont. Contudo, tiveram que devolvê-las à Espanha em 1767 em troca de 24 mil libras.

O primeiro governador das Malvinas foi designado logo após a independência da Argentina. Vernet, o segundo governador, teve de enfrentar em 1831 o primeiro conflito sério ocorrido no local. Dois barcos pesqueiros norte-americanos foram apreendidos por pesca ilegal. Pouco depois, uma esquadra dos EUA, que visitava países da América do Sul, ‘vingou-se’, destruindo todas as casas e instalações militares de Puerto Soledad.

Em 3 de janeiro de 1833 uma corveta inglesa desembarcou algumas dezenas de colonos nas ilhas. A pequena guarnição Argentina não teve mínimas condições de reagir à invasão. Desde então a Inglaterra ocupa as Ilhas Malvinas, usurpadas ao povo argentino. Importante salientar qual foi a decisão do Comitê de Descolonização da ONU, reunido depois da 2ª. Guerra Mundial.

Primeiro: o Comitê das Nações Unidas estabeleceu que o princípio de autodeterminação dos povos não seria acatado, “pois seus habitantes eram cidadãos britânicos, diretamente dependentes da Metrópole”; segundo: estabelecia-se o “reconhecimento da soberania Argentina como única solução jurídica válida”. A Inglaterra jamais acatou tal resolução e permanece ocupando as ilhas até hoje.

A Argentina tentou recuperá-las na Guerra das Malvinas em 1982. Foi derrotada pela Inglaterra – com o apoio logístico dos EUA e da França – que tem reafirmado a determinação de não obedecer à deliberação da ONU.

Àquela época escrevi um artigo chamando a atenção para o fato de que já se sabia da existência de reservas gigantescas de petróleo na plataforma continental das Malvinas. A questão é que sua exploração ainda não era economicamente viável. Disse ainda que a Inglaterra jamais abriria mão destas riquezas.

Hoje, junto com o anúncio de que as reservas de petróleo ali são, no mínimo, de 60 bilhões de barris (!) (próximas às do pré-sal brasileiro), surgem empresas petrolíferas multinacionais para a exploração desta riqueza em mais um desrespeito da Inglaterra aos acordos internacionais.

Cristina Kirchner já obteve a solidariedade de 33 dirigentes latino-americanos na reunião de cúpula do Grupo do Rio, exigindo que a Inglaterra respeite a Resolução ONU sobre a soberania das Ilhas Malvinas. Lamentavelmente, ao que tudo indica, este organismo internacional será mais uma vez desmoralizado, a exemplo do que faz recorrentemente Israel, que sempre se lixou para resoluções da ONU sobre a questão Palestina. E tudo fica por isso mesmo. Fica?

Emerson Leal – Doutor em Física Atômica e Molecular e vice-prefeito de São Carlos.

E-mail: emersonpleal@gmail.com

FEV/2010.