sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Confusão da Secretaria de Educação atrasa aulas em S. Paulo.

Secretaria se meteu a aplicar "provinha" nos professores e meteu os pés pelas mãos. Aula que é bom só no dia 16.


Após derrubar na Justiça a “provinha” com que o governo do Estado queria submeter os mais de cem mil professores ACTs (Admitidos em Caráter Temporário) na atribuição de aulas, a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) desafiou a secretária da Educação a publicar as notas.No dia da prova, a Apeoesp registrou uma série de irregularidades - como erros nas inscrições, problemas na escolha dos aplicadores, denúncias de vazamento de gabaritos - que motivaram a entidade a ingressar com ação civil pública junto ao Tribunal de Justiça. Os problemas se agravaram no momento da divulgação da lista de classificação dos professores ACTs e estáveis, quando a Apeoesp recebeu denúncias de milhares de professores que prestaram a prova e apareciam no site da Secretaria Estadual de Educação como ausentes e, portanto, com a nota zerada.Até mesmo o acordo firmado pela Secretaria e o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) foi desrespeitado pelo governo tucano. Vale notar que os trabalhadores participaram somente como “testemunhas” neste caso, pois sempre se declararam contra a “provinha”. O acordo garantia equilíbrio entre a nota da prova e a experiência adquirida pelos profissionais, pois considerava o tempo de serviço. Esse não foi o critério utilizado na classificação apresentada pela Secretaria.Diante da postura da secretária da Educação, que vem divulgando dados seletivos e parciais sobre os resultados da “provinha” dos ACTs, a Apeoesp reivindica que o governo estadual publique, de imediato, a listagem completa com as notas de todos os participantes do processo. “A divulgação das notas é um direito destes professores e da sociedade. Consideramos que a divulgação da suposta existência de 1.500 professores que teriam obtido nota zero, num universo de 214 mil professores que participaram da prova, não é um método aceitável, pois macula a imagem de uma categoria que conta com mais de 100 mil professores admitidos em caráter temporário que, apesar de suas precárias condições de trabalho, asseguram a qualidade de ensino existente nas escolas estaduais”, afirma a Apeoesp.Além disso, o atual discurso da secretária não é bem afinado com o texto publicado no Diário Oficial de 5 de fevereiro, ocasião em que o calendário foi modificado, o que nunca foi uma proposta dos professores. “A importância em se garantir segurança e transparência no processo de atribuição de aulas para que não ocorram injustiças”, esclarece a Apeoesp, é uma das razões apresentadas para justificar a modificação do calendário proposto pela Secretaria. E é a própria secretária quem admite que o processo de atribuição não prosseguiu, pois não foi executado de maneira “transparente”, “justa” e “segura”. Se fosse “transparente, seguro e justo” na manhã do dia 5 não seria necessário mais tempo para ser apresentado.


Secretaria manobra para acobertar incompetência


“A secretária estadual da Educação vem procurando manobrar a opinião pública para tentar acobertar sua própria incompetência em enfrentar e administrar os problemas decorrentes da provinha que ela criou. Registre-se, aliás, que a Apeoesp a alertou sobre a necessidade de que fosse contratada uma instituição especializada para ministrar um exame deste porte, mas não fomos ouvidos”, declarou a presidenta da Apeoesp, Maria Izabel Azevedo Noronha (Bebel).A dirigente lembrou que os sucessivos governos do PSDB, no poder há 14 anos no Estado, tem sido “um verdadeiro desastre para a educação pública, isso é fato”.“Não somos contra a avaliação. O que não podemos concordar é com este tipo de avaliação excludente da Secretaria. Nossa luta é pela garantia de concurso público de provas e títulos como única forma de ingresso no serviço público e que seja considerado o tempo de serviço daqueles que já têm experiência na rede pública de ensino”, acrescentou Bebel.


Serra não admite erro porque está "alucinado com 2010"


A Apeoesp avalia que Serra não admite o erro, evidenciado na desorganização da Secretaria da Educação, como atestaram milhares de professores. Evidentemente, foi isso o que fez com que o início das aulas fosse adiado do dia 11 para o próximo dia 16 de fevereiro. “Este é o padrão Serra. Ele está alucinado com 2010”, condenou a presidente da Apeoesp.Mas o governador continua alegando que o resultado do exame está correto: “não houve erro”. “A Apeoesp é contra a avaliação e faz o possível para atrapalhar o ensino em São Paulo”, esbravejou Serra, projetando sobre a entidade seu desprezo pela educação.Bebel rebateu, lembrando que a Apeoesp é séria e tem compromisso com a educação. “Não esperava comportamento diferente de um governador que não admite que a Secretaria da Educação errou e que não teve competência para aplicar um exame aos professores. É por esse erro que o início das aulas foi adiado”, reafirmou Bebel, ressaltando que o tucano terá de provar as acusações que vêm fazendo contra os professores: “Ele vai ter que comprovar, isso é leviandade e eu não admito”.

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