quinta-feira, 7 de maio de 2009

Bajulado pela "Folha de SP", Maxwell calunia Inconfidentes

O funcionário dos Rockefeller e ex-conselheiro de George W. Bush, Kenneth Maxwell, afirmou na última quinta-feira, em coluna na Folha de São Paulo, que o poeta e inconfidente Cláudio Manoel da Costa não se suicidou durante a repressão portuguesa ao movimento mineiro de 1789. Teria sido assassinado.A revelação não é nenhuma novidade, pois a versão oficial de suicídio, divulgada por Barbacena, era tão verídica quanto foi a do jornalista Wladimir Herzog, em São Paulo, nos anos 70. Além do mais, o próprio legista, Caetano José Cardoso, que analisou o caso, já tinha confessado, anos mais tarde, que fora obrigado a falsificar o laudo. Portanto, Maxwell aproveita o espaço cedido, não para trazer um fato ou uma versão nova sobre o tema, mas apenas para repetir a sua cantilena caluniosa contra os revoltosos de Minas Gerais. Desta vez ele insinua que foram eles os responsáveis pelo assassinato de Cláudio. Sua versão é a de que inconfidentes ainda soltos e simpatizantes da causa, de alguma forma, eliminaram o amigo preso para impedir que ele os comprometesse em seus depoimentos. Pura imaginação, sem nenhuma base na realidade. Sua coluna, com o sugestivo título “Uma morte oportuna”, é um copydesk disfarçado de trechos de seu livro “A Devassa da Devassa”. É nele onde estão as verdadeiras pérolas da intriga contra os inconfidentes: “O momento em que o suicídio (de Cláudio) se verificou foi especialmente favorável para aqueles que ainda estavam fora da prisão” (Pág. 184). E segue: “Cláudio Manoel da Costa estava, evidentemente, a par dos segredos da inconfidência. E, não menos importante, o famoso poeta demonstrava-se disposto a contar o que sabia” (Pág. 183). E, por fim: “O velho advogado estava em situação privilegiada para saber de tudo sobre os conjurados. Que poderia dizer quando interrogado por homens não sujeitos à influência do governador? Que toda a verdade surgisse não era, obviamente, da conveniência dos conspiradores” (Pág. 184).Ou seja, só insinuações, nenhum fato que sustente o que diz. Acontecimentos importantes, como as arbitrariedades do esbirro do governador, conhecido por Padela, das Cartas Chilenas, indicado por Barbacena para prender Cláudio, são desconsideradas pelo autor. Seu único alvo são os inconfidentes. “Padela”, ou sargento Vasconcelos Parada e Souza, aproveitou-se da ordem de prisão de Cláudio para roubar a fortuna do poeta e matar membros de sua família. Este sim, como se vê, tinha motivos de sobra para calar o inconfidente. Além disso, ele era um dos poucos com acesso irrestrito ao local do crime. Mas, para Maxwell, esses fatos não têm a menor importância Ele prefere seguir jogando a culpa nos inconfidentes e seus apoiadores. Ou seja, age bem de acordo com aqueles que, sempre que podem, jogam a responsabilidade pelos crimes de colonialistas e saqueadores de todo tipo sobre os ombros de suas vítimas.Toda a família de Cláudio foi morta e seus bens saqueados, mas o tal “especialista” em Inconfidência, não sabe nada sobre isso. Já o historiador Augusto de Lima Júnior – responsável pelo translado dos restos mortais dos inconfidentes para o Brasil –, ao contrário, se mostra muito mais sério em suas pesquisas de seu livro “História da Inconfidência de Minas Gerais”, e revela detalhes esclarecedores sobre a prisão e prováveis causas do desaparecimento do poeta. Eis alguns trechos de sua importante obra. “O Sargento-Mor Vasconcelos Parada e Souza escolhera o seu inimigo, Dr. Cláudio Manoel da Costa, para vingar-se das sátiras das Cartas Chilenas. Assaltou-lhe a casa pela madrugada e, arrancando-lhe do leito, onde se achava enfermo, praticou logo um saque nos valores que encontrou, deixando para o seqüestro judicial livros, roupas e papéis. Na mesma tarde, já haviam partido para o sítio de Vargem – de propriedade do inconfidente – emissários seus que, depois de assassinarem o genro e a filha de Cláudio, e todos os de sua família e escravos, se apossaram de barras de ouro que se achavam ocultas e que serviriam para custear a revolução”. “Quando foi demolida, há alguns anos, a velha casa do sítio da Vargem, foram encontrados, debaixo do assoalho da sala de jantar, sete esqueletos arrumados um ao lado do outro” (Pág. 115 a 116). Os fatos são estes. Só não vê quem não quer. Ou quem, como Kenneth Maxwell, está fixado em atacar o Brasil, o seu povo e principalmente os seus heróis. Seu objetivo parece claro: quebrar a confiança e auto-estima do povo brasileiro. Não por acaso, é exatamente nos setores mais colonizados da mídia e do mundo acadêmico, que esse pseudo-historiador anglo-americano é tão bajulado. (SC)

Publicado na Hora do Povo edição 2.762

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