segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A elite econômica e as eleições presidenciais


Não é segredo para ninguém que as eleições de 2010 vêm mobilizando os principais atores da política nacional há algum tempo. A elite econômica, a mídia monopolista e os partidos que a representam – PSDB, DEM e PPS – vêm trabalhado febrilmente para tentar organizar seu script. Qual a sua estratégia?
Ato 1. – Não faz muito tempo Alberto Sardenberg – jornalista da Globo – esforçava-se em pautar o debate entre os pré-candidatos do PT e PSDB à presidência da República. Dizia ele que “a política econômica brasileira vai bem hoje graças àquela implementada por FHC”; e mais: para o Brasil avançar, é preciso ampliar os investimentos a partir, “entre outros fatores, da retomada das privatizações”.
Como já comentei aqui mais de uma vez, FHC já decretara o “fim da Era Vargas”; e os tucanos, de uma maneira geral, gostam de cantar loas ao Plano Real, idealizado por Itamar Franco e implementado por FHC. O mérito do Plano foi conter uma superinflação latente, que não chegou a durar 18 meses. A partir daí houve uma sucessão de problemas. Palavras do Prof. Belluzzo: “A combinação entre câmbio valorizado e juros altos, mantida a ferro e fogo [pelo governo tucano], lançou a economia brasileira numa trajetória de crescimento medíocre”.
A política econômica e a orgia privatista do governo do PSDB arrasaram o Estado brasileiro e atrelaram nossa economia à norte-americana de uma maneira muito mais profunda. O Brasil quebrou três vezes e em todas as três tivemos de recorrer ao FMI, aumentando consideravelmente nossa vulnerabilidade externa. A dívida pública pulou de R$ 61,3 bilhões para R$ 623,2 bilhões; a dívida externa passou de US$ 128 bilhões para US$ 280 bilhões.
Ato 2. – O PSDB acaba de sofrer duros golpes. José Roberto Arruda tinha sido escalado pelo DEM para ser o vice de Serra (ou de Aécio Neves). Serra chegou a fazer uma grande reunião com Arruda para preparar o caminho nesta direção. O segundo evento de grande expressão ocorreria em Belo Horizonte. Seria a vez de Aécio levantar a bola do então governador do Distrito Federal. A explosão do escândalo em Brasília fez o plano naufragar.
Como recuperar o espaço perdido? Fica difícil, ainda mais considerando que Gilberto Kassab, a segunda figura mais importante do DEM e braço direito do Serra, acaba de ter seu mandato cassado por ter recebido doações ilegais (caixa-2) durante a campanha, segundo denúncias da Promotoria Pública.
É um verdadeiro inferno astral para as elites e para seu candidato, José Serra. O outro José (o Arruda) envolveu-se com um „mensalão‟ consubstanciado no chamado „propinoduto‟ – dinheiro proveniente de propinas para abastecer suas burras e a de seus correligionários. Pergunto: qual a moral da elite econômica brasileira para querer pautar as eleições de 2010?
A oposição vai ter de se desdobrar para explicar estes seus pecados mortais. Já Dilma Rousseff, uma super-ministra competente, que na juventude de seus 19 anos enfrentou com bravura os carrascos da ditadura nos porões do DOI-CODI, estará surfando em ondas extremamente favoráveis.

Emerson Leal – Doutor em Física
Atômica e Molecular e vice-prefeito
de S. Carlos.
E-mail: emersonpleal@gmail.com

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